"Tem dor que é exibida,
dói com tanto estardalhaço que parece arrastar tudo
o que encontra pelo caminho para doer com ela.
Tem dor discreta,
afeita à pouca luz, que fere com calma, cresce sem fazer ruído,
e nos surpreende quando resolve nos contar que está lá.
Tem dor que se camufla
e se mistura tão perfeitamente às folhagens de algumas emoções,
que ao sermos golpeados não conseguimos discernir a origem do ataque.
Tem dor antiga
que, ao longo da vida, muda de tom, em degradê,
mas sempre arruma uma maneira de doer.
Tem dor recém-chegada,
as malas ainda no chão,
que a gente não sabe sequer o nome que tem.
Tem dor de tudo o que é jeito na alma."
(Ana Jácomo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário