terça-feira, 19 de julho de 2011


A vida só é possível reinventada. 
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas,
 pelas folhas... 
Ah! tudo bolhas que vêm de fundas piscinas de ilusionismo...
 — mais nada. 
Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. 
Vem a lua, vem,
 retira as algemas dos meus braços. 
Projeto-me por espaços cheios da tua Figura. 
Tudo mentira! 
Mentira da lua, na noite escura. 
Não te encontro, não te alcanço... 
Só — no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço 
que além do tempo me leva. 
Só — na treva, fico: recebida e dada. 
Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada. 

Cecília Meirelles in: Mar absoluto e outros poemas, 1945.

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