A vida só é possível reinventada.
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas,
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas,
pelas folhas...
Ah! tudo bolhas que vêm de fundas piscinas de ilusionismo...
— mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.
Vem a lua, vem,
retira as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços cheios da tua Figura.
Tudo mentira!
Mentira da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcanço...
Só — no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço
que além do tempo me leva.
Só — na treva, fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.
Cecília Meirelles in: Mar absoluto e outros poemas, 1945.
Nenhum comentário:
Postar um comentário