domingo, 17 de abril de 2011


"O amor nunca morre de morte natural. Añais Nin estava certa.
Morre porque o matamos ou o deixamos morrer. 
Morre envenenado pela angústia. Morre enforcado pelo abraço. Morre esfaqueado pelas costas. Morre eletrocutado pela sinceridade. Morre atropelado pela grosseria. Morre sufocado pela desavença. 
Mortes patéticas, cruéis, sem obituário e missa de sétimo dia. 
Mortes sem sangramento. Lavadas. Com os ossos e as lembranças deslocados. 
O amor não morre de velhice, em paz com a cama e com a fortuna dos dedos. 
Morre com um beijo dado sem ênfase. Um dia morno. Uma indiferença. Uma conversa surda. Morre porque queremos que morra. Decidimos que ele está morto. Facilitamos seu estremecimento..."   
Fabrício Carpinejar

Nenhum comentário:

Postar um comentário